Esperança para Pacientes de Alzheimer: O Papel da Cannabis
- Emsí
- 9 de jul. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 22 de jan.

Esperança para Pacientes de Alzheimer: O Papel da Cannabis
A doença de Alzheimer (DA) é uma condição neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, caracterizada pela perda progressiva da memória e das funções cognitivas. Embora os tratamentos atuais sejam principalmente paliativos e ofereçam benefícios limitados, novas pesquisas sobre o uso de canabinoides estão trazendo esperança para pacientes e seus familiares. Este artigo explora as descobertas mais recentes sobre o potencial terapêutico da cannabis na DA, combinando informações de vários estudos e apresentando uma visão abrangente e promissora dessa abordagem.
Compreendendo a Doença de Alzheimer
A DA é uma doença complexa que foi descrita pela primeira vez pelo neurologista alemão Alois Alzheimer em 1906. As características patológicas incluem a presença de placas de beta-amiloide (Aβ) e emaranhados neurofibrilares de tau no cérebro, que resultam na degeneração dos neurônios, perda de sinapses e eventual morte celular. Esses processos levam a uma deterioração progressiva das funções cognitivas, incluindo a memória, a orientação espacial e temporal, e a capacidade de realizar atividades diárias.
Atualmente, os tratamentos disponíveis para a DA, como os inibidores da acetilcolinesterase e os antagonistas dos receptores NMDA, oferecem apenas alívio temporário dos sintomas. Portanto, há uma necessidade urgente de terapias que possam retardar ou interromper a progressão da doença.
O Sistema Endocanabinoide e a Doença de Alzheimer
O sistema endocanabinoide desempenha um papel crucial na regulação de várias funções fisiológicas, incluindo a neuroproteção, a modulação da inflamação e a neuroplasticidade. Este sistema é composto por receptores endocanabinoides (CB1 e CB2), endocanabinoides como a anandamida e o 2-AG, e enzimas envolvidas na sua síntese e degradação. Os receptores CB1 estão predominantemente localizados no sistema nervoso central, enquanto os receptores CB2 são encontrados principalmente nas células imunológicas.
Pesquisas indicam que os canabinoides podem modular processos chave envolvidos na patogênese da DA, como a deposição de Aβ, a fosforilação da proteína tau, a neuroinflamação e o estresse oxidativo. Por exemplo, o estudo "Impact of the Cannabinoid System in Alzheimer's Disease" revisa como os canabinoides podem influenciar a doença de Alzheimer, destacando seus efeitos neuroprotetores. Os canabinoides, ao interagir com os receptores CB1 e CB2, podem reduzir a neuroinflamação e o estresse oxidativo, que são fatores críticos na patogênese da DA.
Evidências Clínicas e Pré-Clínicas
Numerosos estudos pré-clínicos têm explorado o impacto dos canabinoides na DA. Por exemplo, no estudo "Investigation of Cannabis sativa Phytochemicals as Anti-Alzheimer's Agents: An In Silico Study", foram utilizados modelos moleculares para analisar os efeitos de compostos da cannabis em enzimas relacionadas ao Alzheimer, como a acetilcolinesterase e a butirilcolinesterase. Os resultados indicam que compostos como o cannabidiorcol podem inibir significativamente essas enzimas, sugerindo um potencial terapêutico promissor.
Dentre vários artigos disponíveis sobre o assunto, cito o estudo "Cannabinoids for the treatment of dementia", que revisou ensaios clínicos randomizados sobre o uso de canabinoides no tratamento da demência. Embora os dados preliminares sejam promissores, sugerindo que os canabinoides podem melhorar alguns sintomas da DA, como agitação e perda de apetite, os autores concluem que são necessários mais estudos para confirmar esses benefícios.
Como sabemos, o melhor exemplo são os casos reais, cito outro estudo de caso, "Cannabinoid extract in microdoses ameliorates mnemonic and nonmnemonic Alzheimer’s disease symptoms", relatou os efeitos benéficos de microdoses de extrato de cannabis em um paciente com DA leve. Após 22 meses de tratamento, o paciente apresentou melhoras significativas na memória e nas funções cognitivas, com avaliações clínicas mostrando progressos notáveis sem efeitos colaterais significativos.
Mecanismos de Ação dos Canabinoides
Os mecanismos pelos quais os canabinoides exercem seus efeitos terapêuticos na DA são variados:
Receptores CB1 e CB2: A ativação dos receptores CB1 pode reduzir a liberação de glutamato, diminuindo a excitotoxicidade, enquanto a ativação dos receptores CB2 pode reduzir a inflamação cerebral ao modular a atividade das células microgliais.
Redução da Neuroinflamação: Os canabinoides podem atenuar a resposta inflamatória no cérebro ao ativar os receptores CB2, o que reduz a liberação de citocinas pró-inflamatórias.
Inibição da Agregação de Aβ: THC e CBD têm mostrado capacidade de reduzir os níveis de Aβ e impedir sua agregação, um dos principais fatores patológicos da DA.
Modulação da Fosforilação da Tau: Estudos indicam que o CBD pode inibir a fosforilação da proteína tau, reduzindo a formação de emaranhados neurofibrilares.
Benefícios Clínicos e Considerações
Os estudos hoje disponíveis sobre o tema sugerem que os canabinoides podem oferecer benefícios significativos para pacientes com DA, incluindo a melhora da memória, funções cognitivas e qualidade de vida. Além disso, a administração de canabinoides em microdoses parece minimizar os efeitos colaterais típicos associados a doses mais altas de THC, como sedação e intoxicação.
Um estudo de caso específico por exemplo descreve um paciente de 75 anos com DA leve, que recebeu tratamento com microdoses de extrato de cannabis. Após 22 meses, o paciente mostrou melhora nas pontuações do Mini-Mental State Examination (MMSE) e da Alzheimer’s Disease Assessment Scale-Cognitive Subscale (ADAS-Cog), sem efeitos adversos significativos. "Os canabinoides em microdoses podem ser eficazes no tratamento da doença de Alzheimer, dissociando os efeitos terapêuticos dos possíveis efeitos narcóticos", conclui o estudo.
Considerações Finais
Embora os resultados sejam promissores, é importante destacar que pesquisa ainda estão sendo feitas, algumas avançadas e outras em estágios iniciais. Estudos clínicos mais robustos e de longo prazo são necessários para confirmar a eficácia e segurança dos canabinoides no tratamento da DA. Além disso, a variabilidade na resposta individual aos canabinoides deve ser considerada ao desenvolver protocolos de tratamento.
A crescente evidência sobre o papel dos canabinoides no tratamento da doença de Alzheimer oferece uma nova esperança para pacientes e seus familiares. Os compostos derivados da cannabis, como o THC e o CBD, demonstraram potencial para modular processos patológicos chave na DA, proporcionando efeitos neuroprotetores e anti-inflamatórios. Não resta dúvidas e os casos clínicos hoje demonstram isso, mas sem dúvida os canabinoides representam uma promissora alternativa terapêutica que pode revolucionar o tratamento da doença de Alzheimer!
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